#vaitertextao
Zapeando um pouco meu facebook ontem, me deparei com uma matéria um tanto interessante, na página Bolsa de Mulher. Basicamente, a matéria falava dos problemas que a polêmica “Escola para Princesas”, trazia para a vida futura das meninas e para a formação das mulheres em si. Em um texto com tom bem feminista, a autora categorizou os diversos “efeitos colaterais” dessa escola na vida das meninas, e o porque isso é um absurdo. Concordei em alguns pontos com a moça, e em outros nem tanto, e para quem quiser dar uma olhada o texto está aqui. Então, resolvi soltar o verbo e me manifestar acerca dessa tal Escola que tem causando tanta polêmica.
Veja bem, não estou aqui nesse post tentando julgar ninguém. Acho super ok as meninas gostarem de princesas, quererem se vestir de rosa e brincarem nesse universo lúdico, mas gente, vamos ser coerentes, nem todas as meninas gostam disso! E na minha concepção, isso já era algo que havia sido desmistificado há muito tempo. Ledo engano!
Aí você vai me perguntar: “Raquel você é contra mulher ser feminina e se tornar uma dona de casa?” Não, não sou! Justamente pelo contrário, acho que a mulher tem que ser aquilo que ela acha melhor PARA ELA, e não para os outros, mas enfim…
Lendo alguns comentários no post da page (90% das mulheres defendiam a escola), vi que a maioria argumentava coisas como: “Ahh mas é muito importante uma mulher saber se virar, cuidar de uma casa, fazer comida, etc, etc, etc”, ou então, “Os valores estão todos invertidos, hoje em dia é feio ser princesa e o bonito é ser vagabunda e rebolar até o chão”. Okay, calma lá que eu vou contar uma historinha.
Quando eu tinha 10 anos, entrei em uma instituição da igreja em que frequento chamada JUAD. Lá Juniores e adolescentes de 7 a 17 anos (tanto meninos, quanto meninas) aprendiam valores de vida, caráter, cidadania e respeito, além de coisas como: cozinhar, arrumar a cama, ajudar com a louça e todas essas coisas que TODO o ser humano precisa saber. Tudo isso em um ambiente 0% sexista, onde todo mundo usava o mesmo uniforme, onde meninos e meninas eram encorajados a fazerem teatro, dança, acampamento e esportes radicais. Vejam bem, TODOS nós, tanto meninos quantos meninas aprendíamos tarefas domésticas, copiou?
Então veja bem, o ministério JUAD já expandiu horrores, e eu não tenho um número certo para dar para vocês, mas fato é que já possui mais de 30 bases espalhadas pelo Brasil inteiro, além de bases na Africa do Sul, Angola, Moçambique e Bolívia. Ou seja, o negócio não é fraco não! Então fica aqui minha pergunta: por que as mamães que se dizem tão preocupadas com suas filhas, não procuram um projeto assim para colocarem suas meninas, já que segundo elas: “Não tem mais tempo de se ensinar essas coisas”? Por que um projeto que não tem valores SEXISTAS como a Escola para Princesas nunca caiu na mídia?
Me perdoem quem pensa diferente, mas na minha concepção nós não precisamos de uma escola que ensine nossas meninas a se tornarem um produto pré-estabelecido, com o estereótipo da princesa que está sempre linda, maquiada, limpinha. Que é doce e encantadora SEMPRE e que acima de tudo, CLARO, procura um marido.
Gente, como alguém pode achar normal uma escola onde CRIANÇAS de 4 a 15 anos tem aulas de maquiagem!??? :O Aliás, para que uma menina de 7 anos vai querer saber REGRAS de maquiagem? E outra, será que não existe uma certa “preguiça” por parte dos pais, que ao invés de ensinarem algumas tarefas domésticas para seu FILHOS e FILHAS (bom lembrar), estão agora terceirizando esse tipo de função??? Você já imaginou que nem toda menina gosta de rosa, e algumas curtem muito jogar futebol por exemplo? Então para que podar esse tipo de paixão? Por que nós não deixamos as crianças serem crianças apenas?
Refletindo um pouco sobre isso, percebi que muitas vezes ouvi de pessoas do meio religioso que “Cuidar da casa é papel da MULHER, só e exclusivamente e trazer o pão é papel do HOMEM”. Bom, esse é um debate interessante e ontem a noite mesmo estive conversando com uma das pastoras mais brilhantes que já conheci. Ela já estudou muito sobre teologia (além de ser casada a 40 anos), e afirmou com todas as letras que essa divisão de tarefas proposta pelo meio religioso não possui NENHUMA base bíblica! Isso porque ao mesmo tempo que as mulheres são incentivadas pela palavra a serem boas donas de casa, os homens são encorajados a VIVEREM A VIDA COMUM do lar, que segundo a Pastora Therezinha de Moraes, diz respeito aos homens se envolverem em TODAS as atividades domésticas. Em contrapartida a Bíblia também cita em provérbios uma tal de mulher virtuosa, e essa pasmem, traz renda para sua casa, ela compra, vende, negocia, e no frigir dos ovos: faz dinheiro também! Enfim, polêmicas e polêmicas né gente!
Mas assim, quero ser BEM categórica e dizer que: mulher pode ser o que ela quiser viu? Inclusive dona de casa e mãe, aliás, não tem nada de feio nisso. Mas o ponto, e a questão para mim é, será que estamos dando escolhas para as meninas, no momento em que ensinamos para elas que: mulher de verdade tem que ser assim ou assado, ter habilidade X e Y, além de ensinar que determinadas atividades CABEM a elas somente?
Enfim, tretas e mais tretas. Só acho que temos realmente que PARAR de podar a infância tanto das meninas quanto dos meninos. Penso que colocamos na cabecinha das crianças muito cedo um padrão de “isso é de meninas” e “isso é de menino”, muitas vezes limitando a imaginação e a capacidade dos pequenos.
E só para finalizar. Essa é a minha opinião particular. Pessoas pensam diferente e sentem diferente, cada um tem uma história e uma forma de ver o mundo, o que na minha opinião tem que ser sempre respeitado.
Um abraço e até a próxima.